terça-feira, 17 de março de 2009

Música gospel: a quem pertence a glória?



Porque amavam mais a glória dos homens do que a glória de Deus. João 12:43


Tudo começa quando um ser humano criado à imagem e semelhança de Deus, concebido para ser amigo íntimo Dele, se coloca em Suas mãos e compõe algo verdadeiro e sincero para adorá-lo e exaltá-lo. De repente aquela canção, que era um puro gesto de sinceridade e intimidade entre a criatura e o criador, se espalha velozmente de maneira incrível e até abençoada, ganhando dimensões nacionais e internacionais, transformando-se no mais novo hit evangélico e assim catapultando o simples ser humano ao patamar da mais nova super-estrela-gospel-do-momento.

É isso aí! Quase todas as histórias que se contam sobre o início de carreira dos cantores, cantoras e grupos musicais evangélicos começam assim. A intenção é sempre a mesma: Edificar o povo de Deus através do seu ministério e suas canções, mas depois de algum tempo, quando as coisas tomam grandes proporções, tudo muda.

Nesta minha trajetória de mais de 25 anos vivendo e dependendo do ministério da música evangélica, eu vi de tudo. Já vi cantores se levantarem e vi também muitos caírem, presenciei desafetos agressivos bem como disputas vorazes por posições e valorizações em gravadoras e programas de televisão.

Vi gente chorar e se desesperar por reconhecimento, se agredir fisicamente, se curvar a propostas indecorosas de dinheiro e assim vender seu ministério a showmícios de inescrupulosos políticos. Vi pessoas se travestirem física e emocionalmente, mentindo aquilo que não são, a fim de obter algum espaço e assim se projetar de alguma maneira para seguir carreira e ser aplaudido...

Traições conjugais, esfacelamentos de famílias, miséria moral e espiritual fantasiada de trejeitos evangélicos que nada têm a ver com o genuíno chamado do Senhor para o servimos com humildade e singeleza de coração. Falo isso com conhecimento de causa, pois também vivi, sofri e “graças a Deus” venci algumas destas terríveis provas.

Por que algo que começa tão lindo e repleto de amor e simplicidade se converte na mais insana corrupção humana, criando apostatas e mutantes da , e do real sentido da adoração a Deus?


Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida. Provérbios 4:23


Devemos guardar o nosso coração!


O coração é enganoso, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá? Jeremias 17:9


É certo e muito verdadeiro que hoje ainda existem homens e mulheres que não se venderam, permaneceram, lutaram e não se curvaram a este modo inútil e antibíblico. Eles continuam por aí deixando o espírito dirigi-los, abençoando vidas através do testemunho com suas vidas, levantando o estandarte (Deste um estandarte aos que te temem, para o arvorarem no alto, por causa da verdade. Salmos 60:4) e proclamando o verdadeiro sentido de adorar ao Senhor, que é viver em prol do crescimento espiritual do Seu Reino. Repare que a maioria não está na “mídia gospel”; não estão sendo homenageados com troféus, mas continuam sendo chamados a prosseguir, sendo muitas vezes convidados por pastores sérios e compromissados com a “verdadeira palavra de Deus” para, no mover genuíno do Espírito Santo de Deus, levar o povo a adorar ao único que é “estrela”, Jesus, a resplandecente Estrela da Manhã!


Eu, Jesus, enviei o meu anjo, para vos testificar estas coisas nas igrejas. Eu sou a raiz e a geração de Davi, a resplandecente estrela da manhã. Apocalipse 22:16


Em Cristo,Pr. Marcos Góes


fonte:Gospelmais

sábado, 7 de março de 2009

Heróis da fé (2) John Wesley


JOHN WESLEY


Em 28 de junho de 1703 nascia em Lincolnshire, na Inglaterra, o fundador da Igreja Metodista Wesleyana: John Wesley, cuja esposa chamava-se Susanna, era o 12º dos dezenove filhos do reverendo Samuel Wesley, um pároco de Epworth.Quando completava seis anos, quase perdeu a vida num incêndio à noite, provocado por um grupo de malfeitores. O fogo se alastrava no teto de palha da paróquia onde eles moravam, começando a estilhaçar brasas sobre as camas. Subitamente, Hetty Wesley, um dos irmãos menores, acordou assustado e correu até o quarto de sua mãe. E logo todo mundo estava em pé, tentando conter o domínio das chamas, enquanto a pequena criada, agarrando o bebê Charles nos braços, chamava as crianças para um lugar mais seguro. A essa altura, Twice Susanna Wesley forçava a porta contra as costas, numa tentativa desenfreada de proteger-se.A família finalmente conseguiu sair de casa e, apavorada, reuniu-se no jardim, pois descobrira que o pequeno Jeckie havia ficado lá dentro dormindo. Voltaram correndo, mas era tarde: a escada estava em cinzas e tornava impossível resgatá-lo. O rapaz chegou até aparecer na janela, porém não podiam segurá-lo, visto que a casa ficava no segundo piso. Todavia, um pequeno homem pulou sobre o largos ombros do pai de Wesley e, num esforço desmedido, conseguiu salvar a criança.Um Estudante de CristoConsequentemente, uma profunda ternura passou a residir no coração de Jackie que, mesmo depois de homem, considerava que havia escapado aquela noite porque Deus tinha um propósito muito especial em sua vida. Várias vezes ele chegou a comemorar este dia em seu diário secreto que escreveu: "Arrancado das Chamas".Seis anos depois, em Charter House School, Jeckie matriculou-se na Universidade em Oxford, tornando-se um estudante da igreja de Cristo. Quatro anos mais tarde graduou-se em bacharel de artes e em 1726 foi eleito acadêmico do Colégio Lincoln.Enquanto John Wesley era ordenado ao ministério e ajudava o pai em casa, Charles, o irmão mais novo, organizava em Oxford um pequeno grupo de estudantes para orações regulares, estudos bíblicos e outros serviços cristãos. O Clube Santo, como era chamado, incluía vários integrantes, que, mais tarde, tornaram-se pioneiros de um avivamento, ocorrido no século XVIII, destacando-se, entre outros, George Whitfield.Obedecendo ao Senhor, John Wesley viajou para colônia em Georgia, como capelão, em 1736. Charles nesta época, era secretário do governador e o piedoso trabalho em Georgia, embora com muitas lutas, teve sucesso mais tarde. O reverendo George Whitfield, depois de visitar a sede do movimento, escreveu: "O eficiente trabalho de John Wesley na América é impressionante. Seu nome é muito precioso entre o povo, pois tem edificado as fundações que, espero, nem homens nem demônios a abalem".Aprendendo a ConfiarEm contato com German Moravian Christians na América, Wesley questionava sobre as verdades cristãs. Sabia muito bem que o êxito de seus trabalhos estava nas mãos de Deus e, por isso, começou a buscá-lo em oração. Não demorou muito tempo e, em 24 de maio de 1738, acabou encontrando a resposta quando, de volta para a Inglaterra, resolveu registrar tudo quanto acontecera naquele dia: "A tarde, visitando a sociedade em Aldersgate Street, li o ‘Prefácio da epístola aos Romanos’ na versão de Lutero, cujas palavras tocaram-me profundamente. Senti meu coração bater fortemente. E, desde aquele momento, aprendi a confiar em Cristo como meu Salvador. Estou seguro de que os meus pecados estão perdoados. Me salvei da lei do pecado e da morte". Esta experiência mudou o rumo da vida de Wesley que, a partir daquele momento, passou a ser uma nova criatura, sendo consagrado o maior apóstolo da Inglaterra.John Wesley começou o trabalho de pregação ao ar livre quando viajava para Bristol a fim de ajudar George Whitfield, que na época era conhecido como o mais eloquente pregador da Inglaterra. Wesley, a princípio, rejeitou a idéia, mas uma vez convencido da vontade de Deus, acabou se tornando mais famoso que Whitfield. Viajava 11 quilômetros por ano. Experimentou os mais cruéis sofrimentos e oposições em toda sua vida. Estava frequentemente em perigo.Embora fosse sábio e proeminente, o itinerante evangelista era um homem simples e executou muitas obras sociais. As suas poderosas mensagens muito influenciaram a igreja que, no ano de 1739, adquiriu uma sede para o movimento protestante, que crescia vertigiosamente. Comprou uma casa de fundição em ruínas, na cidade de Moofield, e transformou-a num templo. O prédio passou por uma rigorosa reforma que custou, na época, 800 libras (quantia superior ao da compra que foi de 115 libras), mas valeu a pena. Depois de pronta, a capela passou a comportar cerca de mil e quinhentas pessoas.Era o primeiro edifício metodista em Londres, onde a verdadeira doutrina de Cristo era proclamada. Pessoas sedentas por ouvir a gloriosa mensagem do evangelho cruzavam todos os domingos a escuridão das estradas de Moorfield com lanternas, para ouvir os ensinamentos de Wesley. O prédio dispunha de sala de reuniões, com capacidade para 300 pessoas, sala de aula e biblioteca.Mais tarde, John Wesley instalou a sua própria casa na parte superior da capela, onde passou a morar com a sua família. Em 1746, abriu um centro de atendimento médico e escola gratuitos, com capacidade para 60 estudantes, contratou farmacêutico, cirurgião e dois professores e, em 1748, alugou uma casa conjugada para refugiar viúvas e crianças.Muitos foram os patrimônios conseguidos pela igreja durante os 40 anos do movimento metodista em Moorfield, organizada por John Wesley. Entretanto, devido a expiração do contrato imobiliário, a sede teve de mudar-se para um outro lugar.Próximo dali, em City House, encontrava-se um vasto campo onde jaziam os túmulos de Bunhill Field e o de sua esposa Sussana Wesley. Um lugar de pântanos, recentemente aterrado, onde foi construída a catedral de Saint Paul. Havia também no local algumas pedras de moinho, utilizadas para moer milho trazido do Thames, que era transformado em trigo.John Wesley alugou quatro mil metros quadrados destas terras em 1777 para construir a nova capela. E, finalmente, em 21 de abril do mesmo ano, sob forte chuva, lançou a pedra fundamental, com a seguinte gravação: "Provavelmente, esta pedra não será vista por algum olho humano, mas permanecerá até que a terra e o trabalho sejam consumados". Naquele dia, Wesley improvisou um púlpito sobre a pedra e pregou em Nm 23.23.A RecompensaEm 1 de novembro de 1778, dezoito meses depois, no Dia de Todos os Santos, a capela estava próxima de ser aberta para a adoração pública. Apesar dos ventos das dificuldades (além de ter contraído muitas dívidas, os trabalhadores tiveram as ferramentas roubadas), Deus recompensou grandemente o esforço de Wesley, levantando voluntários dentre os membros. O rei George III, por exemplo, doou mastros de navios de guerra para o suporte das galerias.Conta a história que um certo dia Wesley ficou de um lado do templo e Taylor, um dos cooperadores do outro, com os chapéus nas mãos, e conseguiram arrecadar 7 libras; o suficiente para a conclusão das obras. Toda a galeria foi coberta com gesso e os bancos de madeira de carvalho, doadas pelas igrejas da América, Canadá, Sul da África, Austrália, Oeste da Índia e Irlanda. As janelas vitrificadas, as impressões no teto foram trabalhados no estilo Adams (réplica antiga), e a casa de Wesley construída num pátio em frente à capela. Estas raridades, depois de reformadas em 1880, no centenário da morte de Wesley, memorizam as epopéias deste bravo soldado de Cristo.Sua MorteMesmo depois de velho quase cego e paralítico, John Wesley continuava pregando em City Road e Latherhead. E, quando percebeu que sua vida estava chegando ao fim sentou-se numa cama, bebeu um chá e cantou:"Quando alegre eu deitar este corpo e minha vida for coroada de bênção, quão triunfante será o meu fim!Eu glorificarei a meu Criador enquanto tenho fôlego;E, quando a minha voz se perder na morte, empregarei minhas forças; em meus dias o glorificarei enquanto tiver fôlego até o fim de minha existência".Wesley foi enterrado no Jardim-túmulo, em frente à capela em City Road, sob as luzes das lanternas, na manhã de 2 de março de 1791. Morreu com os olhos abertos e balbuciando a seguinte palavra: "Farwell" (adeus). Cerca de 10 mil pessoas acompanharam o funeral. E a lápide até hoje indica o significado histórico: "À memória do venerável John Wesley: o último companheiro do Lincoln College, Oxford..."
Fonte: Revista Obreiro Aprovado (Fev/Mar 1996)

quarta-feira, 4 de março de 2009

Série: HERÓIS DA FÉ (1)


JOHN HUS


John Hus nasceu por volta do ano 1370, na Boêmia - região que, no mapa geopolítico mundial, é ocupada, hoje, pela República Tcheca, país do Leste Europeu. Em 1400, foi ordenado sacerdote e, desde o início de seu ministério, quando assumiu o púlpito da Capela de Belém, em Praga, tomou-se um estorvo, um incômodo para alguns de seus colegas. Pregava insistentemente contra os privilégios do clero, e defendia a necessidade urgente de uma reforma religiosa. A eloqüência de suas pregações fez com que, rapidamente, boa parte da população o seguisse.
A nobreza também se rendeu ao seu discurso reformista e, há muito tempo, tentava encontrar uma forma de limitar o poder eclesiástico. Calcula-se que, na época, metade do território nacional boêmio pertencia à Igreja Católica, enquanto à Coroa cabia apenas a sexta parte. No mesmo período, com o apoio das autoridades, Hus traduziu o Novo Testamento para a língua boêmia e tornou-se um simpatizante das obras de John Wycliff (1329-1384), um reformador inglês.
Impedido de pregar - Influenciado por algumas das doutrinas wiclifistas, Hus pregava, dentre outros pontos, a autoridade suprema da Bíblia e a predestinação - doutrinas negadas, até hoje, pela Igreja Católica. Era a época em que existiam três papas comandando a Igreja, e ninguém sabia ao certo quem era o legítimo. Feito reitor da Universidade de Praga, Hus apoiava Alexandre V, eleito no Concílio de Pisa. No entanto, o arcebispo local era fiel a um outro papa - Gregório XII - e, por causa da disputa política, o arcebispo fez com que Hus fosse impedido de pregar.
Hus - que significa ganso na língua boêmia - não obedeceu à proibição e, por isso, foi excomungado em 1411. Entretanto, seu pior ato de insubordinação, e o que gerou sua condenação à morte, foi a crítica feroz a uma atitude do terceiro papa, João XXIII. Em guerra contra o rei de Nápoles, aquele papa decidiu financiar o conflito com a venda de indulgências (remissão de pecados mediante pagamento à Igreja com determinada quantia em dinheiro). Os vendedores chegaram à Boêmia, tentando usar todo tipo de método para persuadir seus "fregueses". Hus, imediatamente, protestou e afirmou que só Deus poderia conceder indulgências e ninguém jamais poderia vender algo que procede somente de Deus.
Seu discurso movimentou o país e até passeatas de protesto foram organizadas. Hus foi excomungado pela segunda vez, e mudou-se de Praga para o Sul da Boêmia, a pedido do imperador. Ele permaneceu lá, até que, em 1414, ficou sabendo da realização do concílio da igreja católico-romana de Constança, na Alemanha. O evento, que contaria com a presença de vários reformadores de renome, prometia inaugurar uma nova era na vida da Igreja, pois seria decidido quem era o papa legítimo. Hus foi convidado a expor seu caso e aceitou comparecer. Poucos dias após sua chegada a Constança, foi convidado pelo Papa João XXIII para uma assembléia composta apenas de cardeais. Hus insistiu que estava ali para defender suas idéias diante do concílio e não em uma reunião tão restrita. Antes não tivesse ido.
O boêmio saiu daquela assembléia acusado de heresia e, a partir de então, passou a ser tratado como prisioneiro. Em junho de 1415, finalmente foi julgado pelo concilio. Por aquela época, João XXIII já fora deposto, mas isso não melhorou a situação de Hus. O concilio lhe atribuía uma série de heresias, as quais ele teria de admitir ser o autor. No entanto, em momento algum, a direção do concilio se dispôs a ouvi-lo sobre quais seriam, de fato, suas doutrinas. Hus, obviamente, recusou-se a retratar-se de doutrinas que não havia propagado e, assim, foi condenado à fogueira.
No dia 6 de julho, ele foi levado até a Catedral de Constança para ouvir um sermão sobre a teimosia dos hereges. Em seguida, teve seus cabelos cortados, uma cruz foi desenhada em sua cabeça, e recebeu uma coroa de papel decorada com desenhos de diabinhos. Mais uma vez, exigiram que Hus se retratasse, mas ele não voltou atrás. Atribui-se a Hus as seguintes palavras:
"Estou preparado para morrer na Verdade do Evangelho que ensinei e escrevi". Hus morreu cantando os Salmos, e sua morte deflagrou uma verdadeira revolução contra a Igreja na Boêmia.
Recentemente, o Papa João Paulo II reconheceu o erro de seus "infalíveis" antecessores. Em dezembro de 1999, o líder católico pediu desculpas - embora demasiadamente tardias - pela morte de Hus. Na ocasião, falando sobre o reformador tcheco em um simpósio internacional promovido pelo Vaticano, João Paulo II afirmou: "Hoje, às vésperas do Grande Jubileu, sinto a necessidade de expressar profundo arrependimento pela morte cruel infligida a John Hus e pelas conseqüentes marcas de conflito e divisão deixadas nas mentes e nos corações do povo boêmio".